gastronomia e viagem

Uma aventura em busca das cervejas da West Coast norte-americana

Denys Coelho



A fábrica da Stone Brewing é um dos ícones das Americans IPAs e conta com um salão enorme em seu Tap Room. Para Denys, ela é uma das catedrais da Cerveja Artesanal no mundo

Quando nos encontramos por aqui, tenho procurado apresentar um pouco de um mundo novo que descobri, o da cerveja artesanal, e que como já disse em colunas anteriores, se transformou para mim em paixão e inspiração. Hoje, gostaria de te convidar a viajar comigo pela West Coast americana. Uma trip cervejeira é uma das melhores (e mais divertidas) formas de se conhecer as cervejas que são produzidas pelo mundo. 

É chope ou cerveja?

Em 2018, em meados do mês de setembro, início do mês de outubro, estive na Costa Oeste norte-americana quando realizei uma viagem cervejeira, acompanhado da esposa e amigos. Quando se embarca em uma aventura como essa, é preciso estar predisposto a experimentar. Digo isso não apenas em relação às bebidas propriamente ditas, mas aos caminhos, à paisagem, à experiência propriamente dita que cada um desses lugares envolve. E partimos cheios de expectativas.


Foram mais de mil milhas em uma viagem cervejeira

Na Califórnia, percorremos cervejarias desde San Diego a Santa Rosa, por mais de mil milhas (dá uma espiadinha no mapa). Visitando, entre outras, Green Flash, Ballast Point, Firestone, Stone, Rare Barrel, Russian River... Nada mal para uma viagem que tinha como foco provar novas cervejas e identificar tendências.

Chegamos em Los Angeles, e no primeiro dia já estava visitando a Cervejaria Absolution, que fica em Torrance. No dia seguinte fomos a San Diego, quando visitei a Green Flash, Alesmith e Ballast Point. Ótimas cervejas, com destaque para as experimentais, que provei no Tap Room (sala com torneiras de cervejas ou bar interno que são grandes destaques nas fábricas desse tipo de bebida) da Green Flash. Normalmente as cervejarias servem em seus Tap Rooms os produtos que estão em testes, feitos em pequenos lotes, alguns sensacionais e inovadores e outros que não deram muito certo, mas é um ótimo momento para identificar o que os gringos estão planejando. Como eu disse antes, quem faz esse tipo de trip está disposto a experimentar.

Cuidado, o universo das cervejas artesanais é apaixonante

A parada seguinte foi em Escondido, cidade sede da Stone Brewing, certamente um dos ícones das Americans IPAs. A fábrica é muito grande, e o Tap Room passei a considerar uma das catedrais da Cerveja Artesanal no mundo. O salão é enorme, com uma decoração temática, boas comidas e cervejas simplesmente espetaculares. Só de lembrar, deu água na boca.

Visitei a planta, onde impressionou a tecnologia, com laboratórios gigantes, e pude experimentar cervejas que ainda não estavam no mercado, mas que, devem estar disponíveis no primeiro trimestre deste ano, inclusive para exportação, entre elas a Tropic of Thunder Lager, uma lager, mas com uma carga de lúpulos intensa, para agradar aos mais devotados apreciadores de IPAs. A novidade aqui é o lúpulo Cashmere associado com os já consagrados Citra e Mosaic.

Em Paso Robles, já subindo em direção a San Francisco, visitei a Firestone Walker, por lá, chamou a atenção mais uma vez as lagers muito lupuladas.

A partir de Passo Robles, usamos a The Pacific Coast Highway, estrada que margeia o oceano pacífico, com belíssimas paisagens, que por si só já valeria o passeio todo.


A paisagem da The Pacific Coast Highway, que por si só já valeria o passeio

Em San Francisco, fui ao tap room da Social Kitchen & Brewery, buscando o inventor da Brut IPA, o Kim Sturdavant. 

Por lá também pude realizar outra vontade que tinha que era ir até a fábrica da Rare Barrel em Berkeley, talvez a cervejaria líder no mundo produzir cervejas envelhecidas em madeira (barris anteriormente utilizados com vinho, whisky, bourbon?).

Em Santa Rosa, fui até o Tap Room da Russian River, produtora da Pliny The Elder. Cerveja que "apenas" foi aclamada como a melhor cerveja Norte Americana durante vários anos pela comunidade cervejeira. Lançada em 2005, ela virou uma verdadeira referência no estilo American Imperial IPA. O beer flight, ou tábua de degustação, foi servido com 22 cervejas, isso mesmo, 22 amostras de diferentes cervejas, algumas sazonais. Experiência para ficar na lembrança, como dizemos, como um vareio.

Ao longo das visitas provei muitas IPAs, dos mais diversos estilos (ou sub-estilos). Brut IPA, Juicy IPA, Hazy IPA, HopsOil IPA, Fresh Hops IPA, Milkshake IPA, fantásticas, todas, mas a que mais encantou foi a Hazy IPA, variação local da New England IPA, que está fazendo muito sucesso por lá.


Cervejaria Zagaia, em Itaara, tem produzido uma Hazy de excelente aceitação

A Hazy é um estilo bem peculiar, pois a cerveja tem uma durabilidade muito curta (tempo de vida) sendo servida, em alguns casos, somente nas torneiras próximas das cervejarias. Em raros casos são embaladas.

É uma cerveja turva, espessa, com muito aroma de lúpulo, porém fácil de tomar, sem adstringência e amargor equilibrado pelo corpo. Com aromas e sabores de frutas, obtidos a partir de variedades de lúpulos, adequados ao estilo. Uma boa novidade para quem mora longe das torneiras norte-americanas, é que ele foi produzida, recentemente, pela Zagaia, em Itaara, com excelente aceitação.

De San Francisco, fomos a Denver, Colorado. Por lá, o objetivo era visitar cervejarias e participar do Great American Beer Festival 2018, evento com nada mais nada menos do que 800 cervejarias e 4.000 cervejas diferentes (você leu certo, são quatro mil cervejas diferentes), mas este é assunto para outra coluna! Nos vemos em breve.

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